Dúvidas frequentes em língua portuguesa


Um ou uma telefonema?

Telefonema é um substantivo masculino. Devemos, portanto, dar um telefonema.
As palavras terminadas em “-ema”, geralmente de origem grega, são masculinas: o problema, o estratagema, o trema, o telefonema…
Nem todas as palavras terminadas em “a” são femininas. Não esqueça que “a grama” é a relva e que “o grama” refere-se à tamanho (peso): milénio gramas = um quilograma.
Dê um telefonema para a mercearia e peça duzentos gramas de mortadela.

A NÍVEL DE ou EM NÍVEL DE?
Muitos leitores querem saber qual é a forma correta: “A nível de ou em nível de usuário de informática…”?
É a “famosa” incerteza de zero com coisa alguma. Não há “níveis”. Ninguém está se referindo ao “nível” dos usuários de informática.
Dependendo do restante da frase, poderíamos usar:
“Uma vez que usuário de informática…”
“Quanto ao usuário de informática…”
“Em referência ao usuário de informática…”
“Sendo usuário de informática…”
Quando houver “níveis”, podemos usar a forma “EM NÍVEL”:
“São problemas a serem resolvidos em nível federalista.”
A sentença “a nível de” não passa de um modismo linguístico, totalmente desnecessário, principalmente por ser usado em situações em que não há “níveis”:
“O problema só será resolvido a nível de reunião” (basta: “só será resolvido em reunião”);
“O projeto ainda está a nível de discussão” (basta: “ainda está sendo discutido ou em tempo de discussão”).
NÃO-CONFORMIDADEou NÃO CONFORMIDADE?
Embora alguns autores contestem a tendência de usarmos o advérbio “não” no papel de prefixo, não podemos fechar os olhos à verdade.
Antes do novo entendimento ortográfico, a tendência era seguir as seguintes regras:
1) “Quando o ‘não’ funciona porquê real prefixo, equivalente a ‘in-‘, liga-se ao substantivo mediante hífen. Portanto: o não-conformismo, o não-comparecimento, a não-intervenção, o não-pagamento, a não-quitação, a não-flexão.
2) Quando, porém, o ‘não’ antecede adjetivo não há hífen. Portanto: não descartável, não indestrutível, não flexionado, não resolvido…”
Assim sendo, o correto era NÃO-CONFORMIDADE com hífen, pois conformidade é substantivo.
Essa polêmica toda acabou. O novo entendimento ortográfico decretou o termo do hífen com o elemento “não”, seja advérbio de negação ou fazendo papel de prefixo.
Devemos grafar sem hífen: organização não governamental, tratado de não agressão, diante do não pagamento, o relatório apresentou muitas não conformidades…
DISPONIBILIZAR?
“Por fim, disponibilizar virou verbo, ou não? Ou trata-se de mais um modismo que com o tempo acaba incorporando-se à língua, sem lembrarmos mais da origem?”
A incerteza se devia ao veste de, embora muito usado, principalmente no meio empresarial, não ter registro do tal verbo em nossos dicionários. Não aparecia nem Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), publicado pela Ateneu Brasileira de Letras em 1998.
O problema acabou. As novas edições de nossos dicionários e a última edição do VOLP registram finalmente o verbo DISPONIBILIZAR (= tornar disponível).
MELHOR ou MAIS BEM?
Leitora pergunta: “O manifesto não é usar, antes de particípio, mais muito e mais mal em vez de melhor e pior ?”
Nascente caso é polêmico. Para alguns autores, o manifesto é “melhor distribuídos”; outros afirmam que o manifesto é “mais muito distribuídos”; e há ainda os que dizem que é um caso facultativo.
Costumo não reduzir o caso a uma discussão de manifesto ou falso. Para agilizar o nosso trabalho, simplificamos o veste: diante de qualquer particípio, devemos usar “mais muito” ou “mais mal”.
Uma vez que ninguém diria que “Ronaldinho é o jogador brasílico melhor pago” ou que “o trabalho foi pior feito”, preferimos usar “mais muito” e “mais mal” diante de qualquer particípio: “Ronaldinho é o jogador brasílico mais muito pago”, “O trabalho foi mais mal feito”, “Ele está mais muito prestes”, “O galeria mais muito disposto”…
Assim sendo, a nossa leitora tem razão em sua sátira. Devíamos ter escrito: “Negócios serão mais muito distribuídos”.
Apropriado por Roldan Alencar. Manadeira: http://g1.mundo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/duvidas-dos-leitores-61.html
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